Public order moves towards permanence [click for English]
[ATUALIZAÇÃO 8 de dezembro : Reportagem do Globo sobre Choque de Ordem nos Complexos do Alemão e da Penha]
Quando Eduardo Paes se tornou prefeito, em 2008, herdou a tradição carioca segundo a qual o mandato se inicia quando se impõe um choque de ordem na cidade. Pela tradição, o choque dura alguns meses e depois tudo volta ao que era antes: camelôs, caos nas praias, população de rua, crianças fazendo acrobacias com limões nos sinais, lixo, ruas sendo usadas como banheiros, estacionamento irregular.
O choque de Paes talvez tenha alcançado um prazo recorde, durando em torno de dois anos até o momento. Agora ele tem um plano para que o temporário se torne definitivo. O projeto aproveita o êxito da ocupação territorial que faz parte da política estadual de segurança pública, utilizada para pacificar áreas da cidade dominadas pelo tráfico de drogas. De acordo com O Globo, o plano de Paes começa em março de 2011, na Tijuca. A primeira UOP, ou Unidade de Ordem Pública, será constituída de 100 guardas municipais, especialmente treinados, que irão manter a ordem 24 horas por dia numa área de 26 mil residentes. Os maiores problemas dessa região já foram identificados: estacionamento irregular, flanelinhas, camelôs, moradores de rua, furtos e entregas de caminhão fora do horário permitido.
Os guardas, que não trabalham armados, serão treinados a abordar as pessoas e a fazer prisões em situações sem risco de conflito armado. A prefeitura pretende fazer uma gestão das UOPs baseada em resultados, e irá mapear as áreas onde falta ordem; estatísticas serão divulgadas. Atualmente, o Rio de Janeiro dispõe de 5.596 guardas municipais, dos quais cerca de 5 mil estão patrulhando as ruas. Outros 2.300 já foram aprovados em concurso e podem participar do programa de treinamento.
Paes disse ao Globo que ainda não existe um cronograma para estender o novo plano a outras áreas da cidade, já que ele espera aprender com o programa piloto e somente depois aplicar a experiência em outros lugares. “O Rio não é Zurique ou Genebra”, ele acrescentou. “[…] A gente quer regra de civilidade sem perder o jeito carioca.”
A guarda municipal do Rio foi criada pelo prefeito César Maia em 1993, como mais uma força policial junto às polícias militar, civil, de trânsito (CET), federal e rodoviária. A maioria dos cariocas a considera inócua, e ignora suas tímidas atuações. Na praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, por exemplo, os guardas geralmente ficam dentro de um casebre de concreto, vendo televisão. Do lado de fora, os cidadãos jogam lixo no chão, largam o cocô de seus cachorros para trás e usam os arbustos como banheiro.
Quem sabe isto está para mudar.
Este assim como outros tantos casebres transmitem falsa sensação de segurança. Melhor se eles não estivessem ali atrapalhando uma via de pedestres. Eu me pergunto se uma pessoa que conhece a cidade pensa poder obter ajuda em uma destas parafernalhas.