O conflito no Rio de Janeiro só pode terminar em paz

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Este vídeo, gravado ontem por uma equipe da TV Globo que voava a bordo de um helicóptero perto da Vila Cruzeiro, na Penha, é bastante assustador. Nele, homens armados se juntam numa viela da favela, saltando de motos na medida em que chegam. De acordo com jornais, o vídeo levou as autoridades à decisão de sitiar a favela hoje, como parte de uma resposta ampla ao conflito que, de acordo com O Globo, deixou até agora 23 mortos em combates armados em favelas, 37 veículos incendiados, 47 prisões e 112 pessoas detidas para averiguações. Policiais militares, num total de 17.500 homens, contam com o respaldo das polícias civil e rodoviária, além da Marinha.

O vídeo assusta, mas um olhar cuidadoso e um pouco de reflexão levam à conclusão de que o estado logo trará a paz de volta às ruas da cidade que está tão empenhada nos preparativos para sediar as Olimpíadas de 2016. Seguem algumas ideias para a consideração dos leitores do RioRealblog:

  • Os homens de Vila Cruzeiro estão se juntando numa viela. A maioria das favelas cariocas possui difícil acesso. Ao passo que isso beneficia o tráfico de drogas, constitui um problema para líderes que organizam uma resistência à polícia em grande escala. Notavelmente, mais para o fim do vídeo começa um tiroteio. Um motoqueiro larga a moto e corre para se proteger, enquanto outros homens armados atiram em sua defesa. O vídeo mostra muitos homens armados, mas eles estão claramente na defensiva.
  • De acordo com rumores, os narcotraficantes da Rocinha, supostamente agora duas facções unidas, teriam uma arma capaz de abater um helicóptero, como aconteceu há um ano no Morro dos Macacos. Mas os narcotraficantes não têm helicópteros; enquanto a polícia e a mídia dispõem deles. Para obterem informações, os traficantes dependem da mídia, de comunicações por telefone e rádio e da internet.
  • Essa comunicação é altamente monitorada pela polícia. A corrupção policial ainda existe e deve-se presumir que alguma informação vaza para os criminosos, mas a polícia conta com uma inteligência mais completa.
  • As ordens para a guerrilha vieram de traficantes presos, que estão sendo transferidos para cadeias onde será mais difícil o contato com seus subordinados. Os subordinados tiveram que obedecer a essas ordens, mas agora se veem sem comunicação com os chefes. Isso pode enfraquecer a firmeza deles, sobretudo ao passo que se encontram sitiados e atacados pela polícia, que estão fazendo blitz pela cidade e contam com ajuda da polícia rodoviária para bloquear o fluxo de armas para o Rio.
  • Nesse meio tempo, o tráfico de drogas, o recurso mais importante dos guerreiros, certamente secou.
  • As armas dos traficantes intimidam e ameaçam moradores de favelas, mas a maioria desses quer a paz, não apoia os chefes locais e pode optar por ligar para o Disque-Denúncia e fornecer informações à polícia e, em alguns casos, ganhar recompensas.

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About Rio real

American journalist, writer, editor who's lived in Rio de Janeiro for 20 years.
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