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“Se você fechar os olhos e fingir que não tem montanha e mar, é uma tragédia.”
— Lauro Cavalcanti, diretor do Paço Imperial e arquiteto, no Globo de 29 de janeiro de 2011
A seção Segundo Caderno do jornal O Globo publicou no último sábado uma matéria de capa (que não está disponível on-line) na qual os arquitetos mais importantes do Rio de Janeiro afirmam que nenhum acontecimento importante na área tem ocorrido na cidade desde pelo menos os anos 1950. Isso pode estar prestes a mudar.
“Na situação hipotética da visita de um amigo estrangeiro ao Rio, quais construções arquitetônicas representativas da cidade indicar?”, o texto pergunta, citando a seguir o Palácio Gustavo Capanema, o Museu de Arte Moderna, o Edifício Biarritz, a Cinelândia e a Praça XV. Todos datam de antes de 1960.
Os arquitetos entrevistados na matéria fazem as seguintes constatações:
- Não existe debate no Rio de Janeiro sobre o que é belo;
- Nos anos 1980 e 1990, o Brasil “se descolou de um debate internacional”, perdendo contato com o pensamento arquitetônico mundial;
- O Rio de Janeiro priorizou o mecânico e as máquinas, a despeito do pensamento humano;
- O governo municipal tem um papel importante a desempenhar;
- Os arquitetos precisam se organizar, e as faculdades de arquitetura devem ajudar no desenvolvimento de um novo pensamento sobre a cidade.
Não foi por acaso que o belo tenha perdido primazia nos anos 1980 e 1990, pois o perigo levou os cariocas a se refugiarem dentro de casa e nos seus próprios bairros. Alguns colégios até deixaram de levar os alunos para conhecer a cidade, por causa dos perigos de sequestro, balas perdidas e assaltos. Com as UPPs, isso começou a mudar desde o fim de 2008; na semana passada, o governador Sérgio Cabral declarou que a próxima UPP, a 14a da cidade, será instalada na favela do Morro de São Carlos, na zona norte. A Polícia Civil e o BOPE já estão ocupando a área, o passo preparativo para a instalação de uma UPP.
A cidade dispõe de grande potencial arquitetônico, diz o presidente da seção carioca do Instituto de Arquitetos Brasileiros (IAB), Sérgio Magalhães. De acordo com ele, isso provém da multiplicidade de espaços urbanos, onde as diferenças se encontram, enriquecendo a cultura. Junto com o governo municipal, o IAB organizou no ano passado um concurso inédito para selecionar 40 projetos para ajudar na integração das favelas cariocas com a cidade formal, o programa Morar Carioca. No dia 28 de janeiro, houve uma cerimônia de diplomação dos escritórios selecionados, que começam a trabalhar em março e irão focar na urbanização de 216 das mais de mil favelas cariocas, em áreas perto de instalações olímpicas. De acordo com O Globo, essa segunda fase do Morar Carioca irá beneficiar 312 mil pessoas.
“Esses projetos são a primeira contribuição arquitetônica contemporânea nacional à arquitetura mundial”, Magalhães disse ao Globo. Aqui estão os projetos selecionados.
Outro concurso organizado pelo IAB está em andamento para o programa Porto Olímpico, a fim de selecionar o melhor projeto arquitetônico e de urbanismo para as instalações olímpicas e seu entorno, na área portuária do Rio. Estão contemplados as vilas de imprensa e de árbitros, um hotel e um centro de convenções.