Carnaval 2016: mais tolerância, mais reflexão

Apesar de orçamentos reduzidos e de o mosquito da Zika, tanto o carnaval de rua como os desfiles, neste ano, deram bem certo.

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Uma floresta de latas de lixo, mais do que necessárias

Ontem à noite, porém, houve uma batalha assustadora (sem vítimas, aparentemente) entre policiais e moradores, em Inhaúma, perto do Complexo do Alemão. De acordo com moradores, alguns policiais tentaram atropelá-los e deram tiros de fúzil para cima.

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Cariocas e fluminenses fizeram de tudo, nos últimos dias, para esquecer seus problemas — ou, pelo menos rir deles. Enquanto alguns foliões usaram máscaras com os rostos do deputado federal Eduardo Cunha (accusado de corrupção) e o “japonês da Federal” (que costuma prender os acusados de crimes de colarinho branco, da Lava Jato), a escola de samba Mocidade de Padre Miguel escolheu o tema de Dom Quixote para cantar e dançar o escândalo do Lava Jato, com plataformas de petróleo, ratos, malas de dinheiro e sambistas sem cabeça, uma das quais vestia um blazer vermelho, fazendo referência à presidente Dilma Rousseff.

Em alguns blocos, folionas se fantasiaram de “as mulheres de Pedro Paulo”, manchando um olho de roxo, para lembrar o candidato sucessor do atual prefeito, Eduardo Paes. A ex mulher de seu coordenador de governo, Pedro Paulo Carvalho, o acusou de ter batido nela duas vezes — e depois, apoiou a candidatura dele.

O carnaval de rua, como sempre, focou parcialmente na Zona Sul, sobretudo Ipanema. Enquanto os foliões deixaram bastante limpos a praia e calçadão de Copacabana, o lar da bossa nova levou a pior dos blocos e dos ambulantes que acampam nas ruas e na praia. As áreas principais dos festejos estão cobertas em areia e fedem a urina.

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Ambulantes e suas famílias acamparam na praia de Ipanema por quase uma semana

Packing up, on Ash Wednesday

Na quarta-feira de cinzas, ambulantes fazem as malas

Não está claro por que a prefeitura, que não tem problema nenhum em mandar sua Guarda Municipal para atuar nos casos de ambulantes no centro da cidade ou de moradores de favela a serem removidos, fecha os olhos no caso dos ambulantes que acampam nas praias. Será que é porque quem os organiza é a Dream Factory, empresa de eventos que pertence ao Roberto Medina, que faz a Rock in Rio? Ou porque vendem cerveja e refrigerantes fabricados pela Ambev, patrocinadora do carnaval?

Pela primeira vez, jovens brasileiras falaram abertamente sobre um aspecto tradicional da carnaval de rua: assédio sexual. Em posts no Facebook, desabafaram sobre o desconforto e até fizeram acusações sobre comportamentos que até então eram aceitos, na única época do ano quando todo mundo tem o “direito” de desprezar as normas e agir de forma irresponsável. Ao mesmo tempo, casais LBGT pareciam andar sem preocupação nas ruas do Rio, onde as tradicionais regras sociais parecem estar se afrouxando.

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Que tal um pouco de design thinking para esse posto da Polícia Militar que, em noites mesmo fora da época de carnaval, atraem quem precisa de um banheiro?

E agora começa o ano de 2016 que, como a prefeitura nos avisa em placas por toda parte, é um ano que veio “para ficar”, seja o que isso quer dizer.

About Rio real

American journalist, writer, editor who's lived in Rio de Janeiro for 20 years.
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