ATUALIZAÇÃO: Aparentemente, uma greve pelas forças de segurança dificilmente irá acontecer no Rio de Janeiro. Por um lado, concessões; por outro, uma denúncia de mau comportamento de parte de líderes do movimento grevista, transmitida essa noite pelo Jornal Nacional da TV Globo.
Dia 8, quarta-feira à noite, o governador Sérgio Cabral soltou uma nota anunciando uma antecipação de reajuste salarial que será votado pela assembleia legislativa nesta sexta-feira. De acordo com o jornal O Globo, o deputado André Correa (PSD), líder do governo, disse, “‘Nós confiamos no espírito público e a responsabilidade dos servidores da segurança Pública do estado. O governo vai fazer um grande esforço fiscal de forma para conceder este aumento, de quase 40%, em apenas um ano. Além disso, sinalizou um novo aumento salarial, bastante significativo em 2014. Com isso, o salário base de um soldado da PM, que em 2007, quando o governador assumiu, era de R$ 700, chegará a R$ 2.100 em fevereiro do ano que vem. E a quase R$ 3.000 em 2014.'”
Na mesma noite, ouviu-se na TV Globo, que até então praticamente não noticiara a possibilidade de uma greve, uma gravação na qual lideres de movimentos grevistas das polícias militares do Rio de Janeiro e da Bahia parecem estar combinando atos de apoio e de vandalismo.
Pelo jeito, os policiais do Rio ficam sem apoio popular pelo movimento grevista.
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Dia 17 começa o carnaval, com 250% banheiros portáteis a mais do que no ano passado. E possivelmente, com policiamento bem escasso.
As polícias militar e civil do Rio, mais seus bombeiros, ameaçam entrar em greve nesta sexta-feira.
O momento não podia ser melhor– ou pior. A polícia militar do estado da Bahia está em greve, com tropas do exército cercando grevistas acampados na assembleia legislativa. O governo americano aconselha adiar qualquer viagem à Bahia, e ontem a TV Globo noticiou que operadores de pacotes de turismo no estado relatam uma taxa de cancelamento em dez porcento.

Da página Facebook da polícia pacificadora: "Parabéns a todos que se consideram nascidos assim..eu me considero assim..pmerj", postou uma policial.
No Rio de Janeiro, policiais estão postando freneticamente no Facebook e em blogs, com pouca cobertura na mídia tradicional sobre a possibilidade de uma greve (ou sobre reivindicações, condições de trabalho, reflexos em potencial, e a política por trás da ameaça de greve). O governador Sérgio Cabral já aumentou salários e melhorou a compensação por outros meios.
Contudo, a polícia ainda ganha muito mal– com muitos policiais morando em favela inclusive– e, talvez, mais importante ainda, ela tem consciência plena de sua importância na nova Rio de Janeiro. O crime está em queda e crescem os valores imobiliários e níveis de turismo, em grande parte devido ao programa de pacificação policial que data de dezembro de 2008, atualmente estendido a 19 favelas.
“Nós trabalhamos para que você possa viver em segurança na Zona Sul,” vangloriou-se um oficial da tropa de choque ao RioRealblog há algumas semanas na favela do Vidigal, recém ocupada. Mas os policiais não protegem apenas os mais abastados. Nas favelas pacificadas do Rio muita gente já entrou na nova onda, mudando hábitos e comportamentos; sem um policiamento adequado, os criminosos poderiam facilmente começar uma retomada de territórios, dando início a uma onda de vingança naqueles que consideram traidores.
As forças de segurança cariocas tem uma reunião marcada com o governador hoje. Uma manifestação está planejada para amanã na Cinelândia, com a greve marcada em princípio para sexta-feira.
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