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Estreia da RioRealblogTV
Por que o Rio está tão sujo? Pergunta praticamente todo visitante, mesmo aqueles que amam a cidade e acabam ficando por aqui.
Essa pergunta levou o RioRealblog a sair em busca de respostas e de lixo, para montar o piloto de três minutos do que esperamos ser uma série de vídeos da RioRealblogTV. Assista, compartilhe e dê sua opinião, tanto sobre o lixo na cidade quanto sobre o vídeo. Em breve, estaremos à procura de patrocínio.
O que encontramos
Percebemos que há menos lixo do que antes. A campanha que começou no ano passado, de Lixo Zero, com a cobrança de multas, teve algum impacto. Em áreas com atuação dos inspetores – o centro da cidade e bairros da Zona Sul – a coleta de lixo sofreu redução de até 58%!
O lixo ainda é uma das maiores queixas entre moradores de favelas, onde a topografia muitas vezes dificulta a coleta.
Também aprendemos algo sobre a mentalidade brasileira (parece que está mudando, mesmo que bem lentamente), sobre o costume de jogar lixo nas ruas. Essa blogueira tem idade o suficiente para se lembrar do primeiro Dia da Terra nos Estados Unidos em 1970 – um dia vivenciado na companhia de outros adolescentes, catando lixo pelos trilhos do bonde, no subúrbio de Newton, Massachusetts.
Uns quarenta anos depois, é chocante para os turistas (e moradores) perceber o descaso com que papel e plástico são jogados nas ruas do Rio de Janeiro. Na orla de Ipanema, por exemplo, os donos de quiosques até abandonam as áreas reservadas aos seus clientes, para que os garis façam a limpeza.
Mas, amamos os garis, né? O famoso gari dançarino carioca, Renato “Sorriso” Luiz Feliciano Lourenço, deve sorrir tanto porque adora limpar a nossa sujeira, não é mesmo?
Não foi bem isso que Landenberg Benedito da Silva, um gari que entrevistamos, disse. E, nem todos os garis, que alegam receber baixa remuneração, estão sorrindo. Alguns deles estão em greve durante o Carnaval. Pior, ou melhor, momento possível para uma greve!
Além da falta de preocupação com o meio ambiente, pode ser que os brasileiros também tenham uma noção frágil de responsabilidade pelos espaços públicos. Afinal de contas, esse é o país em que muitos políticos pensam que os bens públicos pertencem a eles e a seus clãs, ao invés de pertencer a todos. E o governo tem fama de confiscar o que se pensava ser propriedade privada, como quando o governo Collor sequestrou as contas bancárias em 1990. Então, se temos que redobrar os cuidados com nossos próprios bens, por que deveríamos nos importar com qualquer coisa além da calçada de casa?
No entanto, algumas pessoas se importam. Alexandre Fernando da Fonseca, por exemplo, pedala todos os dias da semana até a praia, para apanhar lixo. Allan Ribeiro preside um bloco de carnaval, o Eu Amo a Lapa, e faz o que pode durante a folia para estimular segurança e limpeza no bairro.
Independente de nossa sensação de cidade suja, o protagonista da história do lixo no Rio é o catador de lixo, que por cada lata de alumínio, ganha dez centavos. Procure um desses anjos bem no final do nosso vídeo.
Tradução por Rane Souza
Nossa equipe fabulosa de vídeo: Jimmy Chalk, Gabriel Michaels de Carvalho e Kate Steiker-Ginzburg
Muito interessante. Com vocês não só aprendo mais português e sobre a cultura brasileira mas tambem aprendo sobre a atuálidade
Um dos meu grandes choques culturais aconteceu quando da minha primeira ida a feira de rua em Nova Iorque. Nela vendiam-se peixes, frutas, geleias, legumes, queijos, comida pronta, etc.. Entretanto as ruas eram limpas durante e depois das feiras. E nao existia um exercito de garis, varrendo e recolhendo lixo todo o tempo.
Nem os supermercados escapam, e sao ambientes supostamente mantidos por empresas privadas. Os supermercados da Zona Sul todos cheiram mal, sem excecao. A secao de carnes costumeiramente tem aguas e gosmas no fundo dos refrigeradores, e nao incomum frutas e legumes apodrecidos ficaram nas gondolas junto a produtos em bom estado.
Assim que, concordo com voce, cara blogueira, que a raiz do problema parece ser cultural. Uma tolerancia a sujeira e ao fedor que ofende os sensos. A mesma tolerancia – acho eu – que nos faz aceitar as favelas, perdoar politicos corruptos (Collor, mensaleiros) e outros transvios que em outros contextos seriam inaceitaveis.
realmente, tudo a ver. precisamos mudar!
Boa noite. Sobre o seu texto, espero que a mentalidade esteja mudando. Sou carioca e adoro essa cidade, e detesto ver lixos nas ruas, detesto mesmo. Faço minha parte. Abçs.
Eu também espero, Veronica! Agradeço o seu comentário–