Nessa fase eleitoral, às vezes a vontade mesmo é de dar uma de avestruz.
Assim que, ao receber um convite para visitar a obra do Metrô na praça Nossa Senhora da Paz, essa blogueira não hesitou: desceu, de bota, capacete e máscara.
Já houve muita controvérsia sobre a Linha 4, a extensão da linha que hoje termina na praça General Osório. Moradores e comerciantes da rua Barão da Torre reclamam de crateras, tremores, rachaduras, cortes de TV a cabo, gás, água e luz, poeira e barulho.
Questões como o traçado da linha, a localização das estações e o destino das lindas árvores da praça foram levantadas antes do começo das obras. Até hoje há dúvidas sobre a lotação dos trens: será que a concessionária conseguirá atender à demanda? Passageiros da nova BRT Transoeste sofrem com superlotação. No metrô de São Paulo, o problema existe há tempo.
Ficou claro que o governo estadual já sabia o que queria fazer.
No início de 2012, fechou-se a praça Nossa Senhora da Paz, área verde que ocupava um lugar especial nos corações de moradores. Pouco mais de dois anos depois, uma grande porção da praça foi reaberta.
Os trabalhos seguem, os trens chegam da China e, pelo jeito, a conexão Zona Sul-Barra, com trens superlotados ou não, será feita de maneira impressionantemente rápida — em quinze minutos, dizem (e de Barra até o Centro, em 34 minutos)– a partir do primeiro semestre de 2016. Ou seja, antes das Olimpíadas.
De acordo com a concessionária, a Linha 4 irá tirar cerca de 2 mil carros das ruas da cidade em horário de rush.
O Metrô é uma concessão estadual ao consórcio Invepar, formado pela construtora OAS e pelos fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobras (Petros). O Invepar também administra a Linha Amarela, a Ligação Transolímpica (via expressa que ligará a Barra da Tijuca ao Deodoro) e a nova linha de bondes (VLT) que irá ligar a zona portuária ao centro da cidade.
A Linha 4 está sendo construída entre a Barra e a Gávea pelo consórcio Rio Barra S.A., do qual fazem parte a Queiroz Galvão Participações – Concessões S.A., a Odebrecht Participações e Investimentos S.A. e a Zi Participações S.A.
Na Zona Sul, o consórcio construtor é o Linha 4 Sul (L4S), composto pelas mesmas empresas.
O site independente de jornalismo Pública já fez reportagens sobre o domínio das empresas de construção no Rio de Janeiro e no Brasil como um todo. As informações são complexas, de difícil compreensão. O fato é que nesse setor (e outros) o país conta com poucas empresas — e pouca concorrência. Aparentemente, isso leva a questões controversas no tocante a contratos, o destino de recursos públicos e doações a partidos políticos.
Como mudar isso (Nos EUA, há um caso interessante)?
Sobre a situação no Brasil, no setor de construção, veja essa reportagem e essa.
A descida para a obra de Ipanema trouxe evidências de que teremos um Metrô maior e melhor, em 2016. Quem sabe, a Barra ficará mais integrada à Zona Sul, e vice versa.
No fim, foi bom voltar à superfície, tirar a máscara, capacete e botas e colocar de lado a vontade de dar uma de avestruz. Nesse momento eleitoral — e depois — também é bom prestar bastante atenção à transformação do Rio de Janeiro metropolitano.

Artefatos arqueológicos? No Leblon, acharam muita coisa interessante: https://www.youtube.com/watch?v=5RE9dvJVFc0
Para maiores informações sobre a obra, veja esse link e esse.