For King of the hill of Rocinha: new book, Nemesis, by Misha Glenny, click here
O leitor pode pensar que o silêncio longo de sua blogueira seja devido a tanta notícia ruim — recessão econômica, impasse político, escándalos de corrupção cada vez mais abrangentes. Realmente, não há muito a dizer –para além do desalento — a não ser expressar a certeza de que as mudanças socioeconômicas da última década terão duradouros efeitos positivos e que, apesar dos retrocessos, aprofunda-se a democracia. A verdadeira razão pelo silêncio, porém, é o trabalho focado num livro sobre a metrópole do Rio.
O foco inclui a leitura de livros, e o silêncio precisa ser quebrado para recomendar (além de Dancing with the Devil in the City of God, por Juliana Barbassa ) o livro Nemesis: One Man and the Battle for Rio (Nêmesis: um homem e a batalha pelo Rio) disponível atualmente apenas na Inglaterra. Recomenda-se também o Rio de Janeiro: Histórias de Vida e Morte, de Luiz Eduardo Soares, um conjunto marcante de experiências que o especialista de longa carreira em segurança pública nos oferece.
Nem –Antônio Francisco Bonfim Lopes — está na cadeia hoje, longe de seu território, a Rocinha, onde moram mais ou menos cem mil pessoas. Misha Glenny, jornalista inglês (e amigo de sua blogueira), que já escrevu sobre segurança cibernética, crime organisado global e a região dos balcãs, assumiu para si a missão de visitar o traficante na penitenciária de segurança máxima no estado de Mato Grosso.
O que Glenny colheu dessas conversas extraodinárias e de muita pesquisa adicional (inclusive um tempo morando na Rocinha) é um retrato único de como o negócio das drogas e a Guerra às Drogas afetam a vida no Rio de Janeiro, dentro e fora das favelas. Qualquer um que faça a tentativa de entender a metrópole, especialmente aqueles que receberam a tarefa de cobrir os Jogos Olímpicos de 2016 aqui, deve ler esse livro novo, a ser lançado no começo do ano que vem nos EUA e no Brasil.
A experiência de Glenny o preparou para ligar pontos como poucos fizeram, se alguém já fez. Relata a chegada da cocaina e da violência no Rio, explica as origens das facções, traça as relações entre elas e com a polícia e descreve os rituais fora-estado da favela da Rocinha. Tudo isso então é contextualizado na história brasileira mais ampla e, mais importante, é conectado à história de subida e queda de um homem inteligente, que entrou no negócio das drogas — e no mundo da violência — porque sua filha sofria de uma doença rara, de custos altos.
Trata-se de um livro que, para esta leitora, prova a necessidade urgente de descriminalizar as drogas e integrar mais ainda as cidades e a sociedade no Brasil. Não devemos deixar repetir a história de Nem, e de tantos jovens.
E agora, enquanto Brasília debate como salvar políticos, de volta ao trabalho.
P.T. se você ainda não assistiu ao filme Que horas ela volta?, corre para o cinema.
O Michel Silva me emprestou esse livro. Estou empolgada para começar a ler, apesar de não dominar 100% o inglês britânico… Vamos tentar 🙂
que bom! se precisar de ajuda, é só falar