Eleição presidencial: continuidade para o Rio de Janeiro, com muitos desafios

Uma combinação imbatível, até agora

Toda mudança social no Brasil tem acontecido sob pressão, de maneira gradual e tardia. Por isso, apesar do partido de José Serra ter beneficiado e muito os excluídos do país, os argumentos e promessas dele convencem menos do que os da candidata do presidente Lula, Dilma Rousseff. O mais provável é que ela ganhe a eleição do dia 31.

Isso deve ser bom para o Rio de Janeiro, já que o governador reeleito Sérgio Cabral e seu partido, o PMDB, são aliados fortes do PT. O vice da Dilma, Michel Temer, também é do PMDB.

A política no Brasil baseia-se cada vez mais em alianças desta natureza. Para o Rio, a questão principal no dia 1 de novembro será se o casamento PT-PMDB  vai durar, depois da lua de mel.

O governador Sérgio Cabral se reelegeu no dia 3 de outubro, com uma votação recorde de 66% de votos válidos, maciça demonstração de apoio pela sua atuação na área de segurança pública — as UPPs presentes até agora em doze favelas. Cabral prometeu expandir o programa e continuar a priorizá-lo. Deve continuar a trabalhar em conjunto com o prefeito Eduardo Paes, já que a próxima eleição municipal acontecerá apenas em 2012.

O governo estadual também tem um grande aliado em Brasília, onde a vaga para a presidência continua em aberto até o segundo turno, no fim deste mês. Cabral apoia a candidata do PT, Dilma Rousseff, mas os participantes de um painel no dia 4 de outubro do OsteRio, cuja finalidade era analisar os resultados eleitorais, concluíram que haverá harmonia mesmo no caso de uma vitória do candidato oposicionista do PSDB, José Serra. “O Cabral fala com o Serra todo dia”, assegurou Aspásia Camargo, que acabou de se eleger para a Assembleia Legislativa pelo Partido Verde. Os analistas, que incluíam os cientistas políticos Ricardo Ismael e Fabiano Santos, disseram que a composição um tanto mudada da Assembleia não terá efeito nos programas de Cabral, que fez suas reformas mais amplas no primeiro mandato, com uma Assembleia bastante dócil.

Parece fácil, mas não é


Os participantes do OsteRio admiraram a capacidade política de Cabral; a política no estado do Rio requer que o governador atraia o voto “popular” (ou seja, os eleitores vulneráveis a populistas como Anthony Garotinho) e o das classes mais altas, também. Ninguém conseguiu se lembrar de um secretário de Segurança Pública que tenha permanecido no cargo por um mandato inteiro, como está sendo o caso de José Mariano Beltrame, que continua no segundo mandato.

O êxito da política de segurança pública do governador depende de muito mais do que de suas habilidades políticas; não se pode esquecer de “combinar com os russos”, ou seja, os traficantes de drogas e os milicianos, que devem ser eliminados do mapa carioca — e também do das cidades vizinhas, como São Gonçalo, Niterói e Duque de Caxias. Além disso, a UPP social precisa seguir no rastro das UPPs, com empregos, saúde, títulos de propriedade e tantas outras questões.

Finalmente, as áreas de saúde e educação precisam de maior atenção no estado do Rio. Cabral disse essa semana que haverá maior investimento nelas do que durante o primeiro mandato, e verbas maiores serão também destinadas para a infrastrutura e os transporte. Sua carreira política terminará em 2014, ele acrescentou — acredite quem quiser.

About Rio real

American journalist, writer, editor who's lived in Rio de Janeiro for 20 years.
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